terça-feira, 2 de junho de 2015

HINÁRIO ANGLICANO E OUTROS CÂNTICOS


Como o site da Missão da Inclusão não está mais online, informo aos interessados, que os mesmos hinos que estavam lá também podem ser ouvidos neste blog. É só procurar ao lado.

A ILHA HOMOSSEXUAL E A ILHA EVANGÉLICA

A ILHA HOMOSSEXUAL E A ILHA EVANGÉLICA 

Um vereador de Dourados (ms) que também é pastor, sugeriu, EM 2014, colocar os homossexuais durante 50 anos em uma ilha. Não duvido que fariam isso em nome de Deus, caso conquistassem o poder.
Como a imaginação é fértil, que tal inverter a situação e imaginar uma ilha evangélica?

A ILHA EVANGÉLICA – 20 evangélicos naufragam. Só 20. Não precisa um grande número para ilustrar a “teoria”. Vamos, lá, proporcionalmente....... 8 batistas, 5 metodistas, 4 presbiterianos, 2 luteranos, 1 anglicano.
UM MÊS DEPOIS – 4 batistas vão para o centro da ilha e criam a 1ª e a 2ª Igreja Batista da ilha; os outros 4 criam a 1ª Igreja Batista do norte da ilha e a 1ª Igreja Batista do sul da ilha; os metodistas se contentam com a Igreja Metodista Central; 2 presbiterianos criam a Igreja Presbiteriana Central da ilha; os outros dois criam a Igreja Presbiteriana Renovada da ilha; os luteranos criam uma igreja cada, ligada a diferentes sínodos; o anglicano decide não criar igreja porque nenhum bispo foi autorizar, não tinha onde comprar velas, e o Livro de Oração Comum se perdeu no naufrágio.
DOIS MESES DEPOIS – um racha nas 4 igrejas batistas faz nascer as igrejas carismáticas, renovadas e pentecostais da ilha; alguns metodistas e presbiterianos aderem, enfraquecendo suas igrejas. Os luteranos ficam indecisos e fazem um encontrão para se animarem. O anglicano vira ateu e faz churrasco aos domingos com outro luterano e um metodista.
TRÊS MESES DEPOIS – a 1ª e a 2ª Igreja Batista da ilha permanecem, mas alteram seu culto; a Igreja Metodista Central da ilha abandona o diálogo ecumênico; os presbiterianos sobrevivem a duras penas; um luterano mudou para a Igreja “Sara nossa llha”; o outro casou-se com o anglicano;
QUATRO MESES DEPOIS – As igrejas pentecostais e carismáticas dominam a ilha; mandaram prender dois metodistas, um luterano e dois presbiterianos, acusados de serem ecumênicos e subversivos. O casal anglicano e luterano conseguiu fugir para outra ilha antes de serem mortos, e foram felizes para sempre.
Carlos Eduardo Calvani

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Estudos Bíblicos para o Advento

Estudos bíblicos e meditações baseadas
nas leituras do Lecionário do ano A


1o. Domingo do Advento - Ano A:

Isaías 2.1-5; Salmo 122; Romanos 13.8-14;  e Mateus 24.37-44

Aulas escola dominical (01/12/2013) - adv 1

2o. domingo do Advento - Ano A

Isaías 11.1-10; Salmo 72; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12

Aula Esc. dominical (08/12/2013) adv 2

3o. domingo do Advento Ano A

Isaías 35.1-10; Tiago 5.7-10; Mateus 11.2-12

Aula Esc. Dominical - 3ro Domingo de Advento - Ano A

4o. domingo do Advento Ano A



sábado, 9 de novembro de 2013

Instituição e movimentos no dinamismo da Igreja

Instituição e movimentos no dinamismo da Igreja



Carlos Eduardo Calvani

Os debates que antecedem o 32º. Sínodo da IEAB tem sido bastante proveitosos. Os Indabas levantaram várias questões e o relatório final tentou contemplar todas as vozes e opiniões presentes. Dentre as muitas vozes, emergiu a solicitação para que o Sínodo discutisse um posicionamento oficial da IEAB sobre o matrimônio igualitário.

Não se pode negar que essa preocupação faça parte de muitos setores e regiões da Igreja. Se fosse algo pontual e isolado, não acirraria tanta troca de opiniões nas redes sociais e em diferentes sites e blogs. O site “Palavra Aberta” tem divulgado textos sobre o assunto e o Movimento Episcopaz, por sua vez, promoverá um debate às vésperas do Sínodo, aberto a todas as pessoas interessadas, com o tema: “Matrimônio Igualitário – desafio ou evolução do conceito para a Igreja?”

No início deste ano (2013) o Curso de Verão promovido anualmente pelo CESEP debateu a importância das redes sociais para os movimentos populares e, por conseqüência também, para os movimentos de renovação da Igreja. O curso contou com a participação de várias lideranças e constatou que, de fato, as novas redes sociais como o facebook são extremamente importantes para os movimentos por seu dinamismo.

No calor da discussão é compreensível que certos posicionamentos sejam defendidos com ardor e convicção. Nos últimos dias, identifiquei no facebook algumas frases que, aparentemente, referem-se a esse debate. A primeira reclamava ser “uma tentativa de imposição de uma elite que lidera em nome do povo, como que a determinar o que e’ melhor para ele mesmo contra a vontade desse mesmo povo”. A segunda, dizia que “neste momento na vida da IEAB, (…) uma minoria tenta impor sobre a Igreja posições que dividem e não respeitam o senso comum dos fiéis”. 

          Estamos no centro de uma velha discussão que envolve o dinamismo entre Instituição e Movimentos. Nem sempre conseguimos vislumbrar em meio a uma situação dessa natureza, os contornos históricos dessa relação. Mas se perdermos essa memória correremos o risco de tratar os Movimentos como rebeldia, insubordinação, anarquismo, etc, sem perceber o grande valor deles em nossa vida institucional.

Ninguém nega o valor e a importância das instituições. Elas servem, entre outras coisas, para trazer ordem ao dinamismo social e para preservar a memória da resolução de problemas do passado. Se não existisse uma instituição com sua ordem, a memória se perderia na subjetividade e cada novo problema seria enfrentado sem a experiência acumulada do passado. Mas instituições, por sua própria natureza, são incapazes de produzir movimentos. Instituições estão comprometidas com a preservação de uma ordem e, muito raramente as instituições tomam iniciativas de mudança. Quando isso acontece, não nos iludamos – acontece porque movimentos provocaram essas mudanças. Instituições são espelho e reflexo de nós mesmos que escrevemos sua constituição e cânones e as eventuais alterações nesse aparato jurídico apenas sinalizam mudanças em nós mesmos.

Os Movimentos, por sua vez, não têm caráter institucional, ao menos em um primeiro momento. Posteriormente, alguns podem se institucionalizar. Alguns permanecem como movimentos e outros ainda se auto-extinguem porque não nasceram com o propósito de se perpetuar historicamente. Movimentos surgem espontaneamente, com poucas pessoas, e nesse sentido, sempre são inicialmente uma voz de minorias, sim. Mas são vozes que verbalizam inquietações e demandas que incomodam grupos que fazem parte de um corpo institucional ou de um tecido social. Geralmente movimentos não surgem com a intenção de dividir ou causar rupturas. Surgem apenas por desejo e necessidade de que certas demandas sejam contempladas e certos direitos sejam respeitados e garantidos.

Na sociedade civil são muitos os movimentos em curso que aglutinam pessoas em torno de ideais, e todos são necessários no processo social. É por isso que valorizamos, por exemplo, o estudo histórico do movimento abolicionista ou os movimentos artísticos de vanguarda; durante o regime militar no Brasil, a multifacetada oposição (com todas as suas divergências internas) teve que necessariamente aglutinar-se no Movimento Democrático Brasileiro, transformado em partido – MDB. Nos anos 70 e 80 surgiram tantos e tantos outros movimentos sociais e com os quais, vez ou outra nos identificamos. Muitos de nós militamos em “Movimento estudantil” ou em “Movimento Sindical” ou ainda o MST (Movimento Sem-terra). Alguns se institucionalizaram e se subdividiram de acordo com ideologias e objetivos próprios. Hoje existem o Movimento ecológico, o Movimento LGBT, e muitos outros.

Os Movimentos são importantes porque é deles que surge a renovação, ou alguém imagina que o próprio INSS tomaria alguma iniciativa para garantir correção nas aposentadorias, não fosse a atuação do “Movimento dos aposentados”?. Alguém esperaria que os latifundiários, INCRA ou FUNAI tomassem iniciativas em prol da Reforma Agrária ou dos direitos indígenas não fosse a atuação dos movimentos correspondentes a esses direitos?

         Na tradição judaico-cristã os movimentos também são muitos importantes. Estamos acostumados, sempre que fazemos estudos bíblicos ou de história da Igreja, a depararmo-nos com termos que apontam a importância dos movimentos na tradição judaico-cristã. Falamos, por exemplo, do “Movimento Profético” ou do próprio “Movimento de Jesus” (aliás, título de um famoso livro de Gerd Theissen muito apreciado entre os biblistas). Gostamos de lembrar que a Igreja Primitiva foi um “movimento” antes de ser uma instituição, e quando começamos a falar sobre a história da Igreja, saltam aos olhos a quantidade de movimentos:

- Movimento monástico (surgido espontânea e naturalmente como contraponto de espiritualidade ao processo de institucionalização da Igreja pós-constantiniana) e que, por sua vez, herdava algumas reivindicações do Movimento montanista (século II); as ordens religiosas que surgiram no decorrer da história da Igreja geralmente nasciam como “movimentos” em torno de ideais de espiritualidade, sendo mais tarde “institucionalizadas”. É por isso que em alguns setores da história da Igreja ainda se usam as expressões “movimento franciscano”, “movimento beneditino”, etc…

- Movimentos reformadores – Embora Lutero tenha se caracterizado como líder, ele apenas dava continuidade a uma “memória de movimentos” anteriores desde os lolardos, John Huss, Wycliff, etc. Os movimentos reformadores não eram necessariamente coesos, mas foram importantes, a ponto de provocarem uma reforma interna na própria Igreja Romana.

- Na tradição anglicana estamos acostumados aos termos “Movimento Puritano”, “Movimento Metodista” e “Movimento de Oxford”. O primeiro não foi capaz de quebrar a estrutura como desejava; o segundo contribuiu bastante com a renovação da Igreja e mais tarde separou-se desenvolvendo-se em um corpo institucional próprio; o terceiro nunca pretendeu quebrar estruturas, mas renová-las, e o fez utilizando estratégias semelhantes as que usamos atualmente na internet e nas redes sociais. O “Movimento de Oxford” publicou pequenos tratados – “Tracts”, como foram conhecidos na época, e que fez seus líderes serem conhecidos também como “tractarianos” (diga-se de passagem, no início do século XX, o Movimento Fundamentalista também utilizou as redes sociais da época para a publicação dos pequenos folhetos “The Fundamentals”). No século XIX o movimento do Socialismo Cristão causou ira e revolta na acomodada aristocracia britânica, inclusive muitos “bispos-lordes”. 

- No âmbito ecumênico, o próprio CMI (que, aliás, não é proprietário do “Movimento Ecumênico”) surgiu da aglutinação de outros diferentes “movimentos” – o “Movimento Missionário”, o “Movimento Vida e Ação” e o “Movimento Fé e Ordem”. Todos esses movimentos reuniam pessoas que não estavam necessariamente em guerra umas com as outras, mas apenas reunidas em torno de ideais que as cativavam e muitas lideranças participavam simultaneamente dos três movimentos. O Movimento Evangelical, por sua vez, sempre contou com a colaboração de episcopais e anglicanos.
 
- Nos anos 80, entre algumas Igrejas Protestantes do Brasil alguns músicos começaram a falar em “Movimento Momento Novo” (servindo-se do título de uma canção ainda muito entoada em nossas Paróquias e que preconizava a renovação musical através do resgate de ritmos brasileiros) ou “Louvor Brasileiro”. Esses movimentos, necessariamente não se institucionalizaram, mas deixaram marcas significativas e que não podem ser esquecidas.
 
- Os que conhecem a história da IEAB já leram sobre o “movimento cerimonialista” que trouxe ao Brasil algumas das ênfases do “Movimento de Oxford” e do anglocatolicismo. Nos anos 70 vivemos também a febre do “Movimento carismático”, que despertou muitas pessoas para cargos de liderança e outras para o ministério ordenado. 

            Uma característica de muitos desses movimentos é a atuação e o protagonismo do laicato. Embora recebam apoio de alguns bispos e clérigos que mais tarde são sagrados ao episcopado, na dinâmica dos movimentos, as ordens religiosas não importam muito. Afinal, são movimentos “em torno de algo pelo qual se luta” e não movimentos em torno da preservação de algo que já se tem. Para isso, a instituição é suficiente. E é bom e salutar que a liderança seja exercida pelo laicato. 

Faz algum tempo que temos ouvido a expressão “empoderamento dos leigos” e algumas vezes a instituição estimula isso; em outras ocasiões, teme e tenta inibir os movimentos silenciando pessoas. Mas o silenciamento só dá resultado parcial, pois algumas pessoas (especialmente clérigos) ainda que não se manifestem publicamente, continuarão a colaborar com os movimentos. Movimentos são incontroláveis; são fluídos e escorregam pelos dedos da instituição e seu tempo de duração não depende dos humores institucionais, mas simplesmente do dinamismo social.

Há muitos movimentos nas Igrejas da Comunhão Anglicana. Alguns conseguiram se institucionalizar, tal como o Encontro dos Primazes que surgiu inicialmente do interesse (e necessidade) de fazer com que os Primazes se reunissem de tempos em tempos para oração, convivência e troca de experiências. O movimento se institucionalizou e hoje é uma das “Estruturas da Comunhão Anglicana”. Se um dia houver condições históricas e políticas favoráveis, nada impedirá que surja um “Encontro dos líderes leigos” de cada Igreja da Comunhão (diferente do ACC) e que pode também ser elevado à categoria institucional de “estrutura de comunhão”. Atualmente temos o GAFCON, que reúne uma determinada linha da Igreja que exclui a IEAB. Na TEC existe o Movimento Integrity (http://www.integrityusa.org/ ) e quem acompanha a vida religiosa e política das Igrejas Protestantes dos Estados Unidos conhece bem movimentos tão opostos como o “Tea Party” ou “Cristianismo Progressista” (TCPC) – site: http://www.integrityusa.org/

Não há por que temer os movimentos. Eles não têm necessariamente interesse em perpetuar-se institucionalmente. Não é esse o seu objetivo, embora até possam criar uma rede permanente de vigilância para garantir a continuidade da luta e ou a certeza de que direitos adquiridos sejam respeitados.

Aqui no Brasil, nos últimos anos, no âmbito da IEAB temos sido agraciados com dois movimentos que surgiram tal como surge qualquer movimento – não por iniciativa institucional, mas como expressão de compromisso e interesse de lideranças leigas e clericais. 

No auge da crise que abateu a DASP, um grupo de pessoas fieis e comprometidas com a DASP e a IEAB criou o site “Palavra Aberta”, sem solicitar autorização institucional ou recursos financeiros. Essas pessoas dedicam seu tempo e recursos financeiros para manutenção de um site de notícias extremamente importante para a vida da Igreja, sobretudo após a extinção do jornal “Estandarte Cristão”. O Palavra Aberta é hoje importante fonte de consulta na IEAB para notícias, eventos e textos e é melhor que permaneça como um movimento de livre iniciativa porque desse modo a instituição não tem como controlá-lo. Afinal, jornais como “Estandarte Cristão” – ou qualquer outro órgão institucional – sempre funcionam como uma espécie de “Diário Oficial”: existem para divulgar notícias institucionais, atas, resoluções, etc, mas dificilmente abrem-se à auto-crítica ou a uma coluna tipo “ombudsman”. Movimentos como o “Palavra Aberta” tem a vantagem de, além de publicar notícias, também divulgar textos que talvez sejam do interesse de alguns (quem não estiver interessado não precisa ler) e até seções de humor e charges. Diga-se de passagem, a Comunhão Anglicana tem seus sites oficiais; porém, as notícias realmente mais atuais aparecem muito antes no conhecido site “anglicans online” (http://anglicansonline.org ) e não nos sites oficiais, tal como acontece no “Palavra Aberta”. 

Outro movimento extremamente importante na vida da IEAB hoje é o “Episcopaz” (Anglicanos pró-diversidade e pela paz (procure a comunidade no facebook “Movimento Episcopaz”).  Nascido da iniciativa leiga, herdou de certo modo algumas ênfases do Movimento “De volta para a Igreja” (que aliás, quando houve interesse institucional, a Secretaria Geral passou a estimular o “Domingo de volta para a Igreja”), embora também carregue o viés de aproximação social com minorias e agentes dos direitos humanos. Episcopaz também não pretende ser uma instituição. Sua liderança pode mudar; sua abrangência pode aumentar atraindo leigos e clérigos de várias regiões do Brasil tal como tem acontecido atualmente. No bojo de seus princípios, segundo sua liderança já anunciou por diversas vezes, vem ampliando seu compromisso em defesa dos postos à margem (sem-teto, “sem dignidade”, sem educação de qualidade, sem saúde básica, etc), criando pontes com diversos setores da sociedade civil e da própria igreja, estimulando a inclusão como um todo, e não apenas na área da diversidade sexual.

Parece-me bastante óbvio que todos, em princípio, concordam que a Igreja, essencialmente, não é uma instituição, mas a divina comunhão dos santos. A instituição é o nosso ordenamento e muitas mudanças conseguidas nesse ordenamento aconteceram em virtude dos movimentos que as provocaram. Por isso, instituições e movimentos não estão necessariamente em luta e em campos opostos, mas são complementares. Sem os movimentos, as instituições se petrificam. Por sua vez, sem a memória e a tradição preservada institucionalmente, os movimentos se tornam arroubos de revolta sem referenciais claros. O mistério da Igreja envolve esse dinamismo – nascida de um movimento interno nas instituições judaicas, redescobriu no Cristo ressuscitado, o plano original da Criação, oculto nas mazelas institucionais da Lei e sempre se renova e se reforma na compreensão de que “A lei mata, mas o Espírito vivifica”.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Oração de um sacerdote


Oração de um Sacerdote

Carlos Eduardo Calvani


Ó Deus Santo, Criador de todo o bem, fonte e razão de nossa existência; Deus Eterno e Misericordioso, que nos chamaste à plenitude da vida em teu Cristo;

Não sou digno de que teu Espírito inunde meu ser nem que ouças a minha oração… mas sempre tenho orações respondida;
- É a tua graça, Senhor!

Minhas forças são tão poucas quando tento ser fiel aos teus princípios; ainda assim teu Espírito não permite que tal desejo deixe de ser meu alvo constante;
- É a tua graça, Senhor!

Muitas vezes o egoísmo, a soberba e a presunção me dominam… e mesmo assim tu permites que a mim se dirijam como “servo de Deus”
- É a tua graça, Senhor!

Tão pouco e limitado é meu conhecimento de tua Revelação; Tu, porém, me concedes o privilégio de expor e interpretar tua Palavra a teu povo…
- É a tua graça, Senhor!

Tão pequena é minha compreensão sobre teus desígnios; mesmo assim Tu permites que outros me procurem buscando mais luzes da Tua Palavra;
- É a tua graça, Senhor!

Meus erros e pecados sempre estão diante de mim, mas a todo momento tua Palavra me lembra: “onde abundou o pecado, superabundou a graça!”
- Aleluia, Senhor!

Tão pouco é o teu nome louvado por meus lábios, apesar dos teus grandes feitos; mesmo assim a cada dia Tu me agracias com saúde, amigos e fé;
- É a tua graça, Senhor!

- Tão carente sou da orientação do teu Espírito; contudo Tu me chamas para conduzir alguns de teu rebanho precioso às veredas da justiça;
- É a tua graça, Senhor!

- Dúvidas e inquietações me perturbam sempre tentando abalar minha fé; mas Tu sempre me renovas a fé e a paz que excede toda compreensão humana;
- É a tua graça, Senhor!

- Quantas vezes eu mesmo preciso ser alimentado; e mesmo assim Tu me chamas a presidir em teu nome o alimento eucarístico ao teu povo;
- É a tua graça, Senhor!

- Sirvo-te em uma igreja tão pequena, pobre e falha; mas rendo-te graças pois exatamente por essa tua divina Providência, Tu me chamas a ser mais humilde;
- É a tua graça, Senhor!

- Tantas vezes, tal como o apóstolo Paulo, sinto-me “o maior dos pecadores”, mas teu Espírito me lembra que exatamente por isso tu reservaste o Sagrado Ministério para minha santificação;
- Aleluia, Senhor!

- Muitas vezes sinto-me afastado de ti; mas Tu sempre me recordas as promessas batismais: “És de Cristo para sempre!”
- É a tua graça, Senhor!

- por isso te peço, ó Santo Deus, que derrames sobre mim a Tua justiça para que eu sempre me sinta digno de revestir-me das vestes sacerdotais;
- Por tua graça, Senhor!

- Que o colarinho sempre recorde que minha garganta e minhas palavras devem ser as tuas; que a estola sempre me lembrem que me chamaste para servir a teu povo e ao mundo;
- Por misericórdia, Senhor!

- Concede-me, finalmente, o seguro repouso à minha consciência, e renova minhas forças para ser fiel ao teu chamado;
- Por tua graça, Senhor!
 
- Faze-me sempre reconhecer que, sob tua divina proteção, tudo é graça! Absoluta Graça! Maravilhosa Graça;
- Aleluia, Senhor!

- Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo; como era no princípio, é agora e será sempre, por todos os séculos. Amém.


quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Liturgia Anglicana em fotos comentadas

 

Ninguém consegue compreender a fé, teologia e espiritualidade anglicana sem conhecer e participar da Liturgia. Esse é o sentido do lema “lex orandi lex credendi“, que nos faz compreender que a fé se expressa no ato litúrgico – o modo como oramos, cantamos e louvamos expressa a fé que cremos.

Para aprofundar nosso conhecimento e compreensão da liturgia anglicana, aproveitamos neste post algumas fotos da Sagração do novo bispo da Diocese Anglicana de São Paulo (Dom Flávio Irala), no sábado 14/09.
Não é possível comentar todos os aspectos simbólicos do ritual, pois muitos ensinos são transmitidos oralmente e não por escrito. É preciso ter percepção para penetrar na força dos símbolos, no colorido das vestes, nas posturas e gestos. Tudo, absolutamente tudo, tem um significado:

Assembléia Litúrgica – O povo de Deus reunido: A liturgia é ação conjunta. O celebrante sempre é Jesus Cristo. Cristo é quem celebra eternamente no altar celestial. A Igreja, povo sacramental de Cristo, celebra no poder do Espírito Santo, em meio ao nosso mundo, expressando gestualmente (em palavras, cânticos, orações, gestos, etc) o mistério da Salvação. Desse modo, a liturgia sempre é ato do povo de Deus reunido, com Cristo, no poder do Espírito Santo, cf reafirmamos no LOC (Livro de Oração Comum): “Por Cristo, com Cristo e em Cristo”. As fotos abaixo são de uma sagração episcopal, mas esses mesmos elementos são celebrados em qualquer Capela, por menor que seja:

Tudo começa com o povo reunido. O vitral atrás do altar tem grande simbolismo. Observe a quantidade de triângulos (.’.)  e no centro, posiciona-se uma Cátedra para o Bispo que presidirá a Liturgia. Quando não há bispo presente e a liturgia é presidida por um padre, este não ocupa a Cátedra, mas posiciona-se, preferencialmente em uma das estalas (bancos laterais).

O clero posiciona-se para o Processional de entrada. As estolas vermelhas são utilizadas em cultos de ordenação, sagração, confirmação, visitas episcopais, festas do Espírito Santo e da Igreja. O vermelho lembra o fogo do Espírito Santo e o sangue dos mártires. Ao longo do ano e em diferentes festas, outras cores são utilizadas.

Observe que há clérigos com estolas transversais que pendem do ombro esquerdo (diáconos) e outros/as (presbíteros/as, padres) com estolas que pendem da nuca. Estolas representam, entre outras coisas, compromisso e o jugo de Cristo. 

As vestes são utilizadas exclusivamente nos momentos litúrgicos e seu simbolismo nos remete ao Antigo Testamento. Êxodo 28  fala em túnicas, estolas, sobrepelizes e cíngulos muito semelhantes a esses que usamos na Igreja, e a descrição é bem precisa, como se um estilista estivesse detalhando a largura certa das ombreiras, a cor das vestes, o tecido e outros materiais usados, a localização exata dos símbolos, etc.

O peitoral simboliza o julgamento divino e é uma lembrança de que Deus é nosso juiz maior. As estolas representam a consagração a Deus. Sempre que colocamos a estola antes de iniciar o culto, lembramos que, a partir daquele momento estamos nos anulando totalmente para o serviço divino. O “manto” seria semelhante a uma “casula” e simbolizava a proteção sacerdotal diante do Senhor. Tudo isso servia também para separar as vestes íntimas, diretamente ligadas ao corpo, de qualquer contato com os elementos usados no sacrifício. A palavra usada para “cinto” o equivalente ao nosso “cíngulo” aparece em textos sacerdotais sem maiores explicações. No entanto o sinônimo usado por em Isaías 11:5 permite entender que o sentido do cinto era ser símbolo de justiça e fidelidade.

O clero está com camisas clericais por baixo (o colarinho também tem muito sentido espiritual: Indica de quem somos servos, a quem nos dedicamos e por quem fomos chamados. Os escravos costumavam carregar uma correia, uma cólera, uma argola – às vezes de ferro – no pescoço. Era o sinal de que pertenciam a alguém e que seu trabalho era servir.  O colarinho mostra que nosso papel é servir, indica para o povo que somos servos do Deus vivo! A garganta envolvida é também a lembrança de que devemos falar e proclamar as Boas Novas de Deus; é lembrança de que podemos e devemos ser voz de quem não tem; é alerta para que não fiquemos mudos, não nos acovardemos, não admitamos ser calados, especialmente diante de argumentos incoerentes ou da fraqueza de algum opressor. O colarinho é para que não tenhamos medo de soltar a voz sufocada em nosso peito;

Bispos usam vestes diferenciadas que simbolizam seu ofício: colarinho, alva (batina), chamarra, capa e mitra. Uma sagração episcopal na tradição anglicana só é válida se for compartilhada por, no mínimo três bispos diocesanos que expressam a comunhão do Corpo de Cristo (“Católico-Universal) transmitindo, em nome da totalidade da Igreja a sucessão apostólica e representando o reconhecimento do ministério episcopal do novo bispo, por parte de outras dioceses:


Todo esse simbolismo  não é apenas decorativo. Faz parte do culto, como expressão “muda” de adoração. Tudo tem um significado que é esclarecido aos poucos, na medida em que participamos, nos interessamos e nos envolvemos com os mistérios da liturgia; tudo na liturgia está envolto em um mistério que vai sendo percebido aos poucos e não adianta nos apressarmos no imediatismo de compreender tudo. Leva-se tempo para compreender certas peculiaridades da liturgia. Tudo faz parte de um caminhar, de um processo.

Alguns bispos presentes à Sagração do novo bispo (Dom Almir dos Santos com a cruz própria da Ordem de São Tiago, ost; Dom Naudal Gomes e Dom Humberto Maiztegui, representando respectivamente, o reconhecimento do povo das Dioceses Anglicanas de Curitiba e Meridional (região de Porto Alegre e Santa Catarina). Observe que a mitra não é utilizada em todos os momentos da Liturgia.

O simbolismo não diz respeito apenas aos clérigos, mas a todos, porque todos somos povo sacerdotal. As vestes clericais simbolizam e expressam éo sacerdócio de Cristo e de toda a Igreja e espelha o que cada um de nós deve visualizar. espiritualmente, em si mesmo.


A cerimônia é presidida pelo Bispo Primaz da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, Dom Maurício de Andrade. O cargo de bispo Primaz é rotativo. É ocupado sempre por um bispo diocesano escolhido por votação de bispos, clérigos e leigos presentes aos Sínodos que se reúnem de 4 em 4 anos. O bispo Primaz é a representação visível da totalidade da Igreja no Brasil.

 




O novo bispo a ser sagrado veste apenas a alva, pois será revestido dos símbolos de sua ordem no momento litúrgico oportuno. A alva lembra as vestes brancas do povo de Deus no Apocalipse; é veste batismal, pois qualquer ordenação ou sagração sempre é derivação do Rito  Batismal. Desse modo qualquer estola que venha a ser sobreposta (de ministro-leigo, diácono ou chamarras episcopais) sempre é um símbolo de compromisso agregado ao Batismo. A alva lembra que o ministério é de todos os cristãos e cristãs. Estar apenas com a alva no início da liturgia faz com que todo povo presente relembre seu próprio batismo e sua participação no ministério apostólico:


A família do novo bispo (Rose, Wilson,  Gabriel e Beatriz participa com o povo):


O clero adentra o santuário, cantando um hino junto com o povo. O processional de entrada também remete ao Antigo Testamento (Salmos de peregrinação, a caminhada do povo de Deus pelo deserto rumo à terra prometida – altar, etc). Todos se dirigem ao altar que é o “oriente geográfico”  do Templo. A cruz processional remete, entre outras coisas ao texto:”toma a tua cruz e segue-me”
  
e todos se curvam, em reverência, perante o altar, em anúncio proléptico de que “todo joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor”
Lideranças leigas da Diocese anunciam a Intenção do Rito, assegurando a legitimidade da eleição e da sagração. Esse momento é muito importante, pois toda teologia sacramental sustenta-se na tríade “matéria, forma e intenção”:
   
Após os ritos iniciais inicia-se a Liturgia da Palavra, com leituras bíblicas, Salmo e o Processional para a Proclamação do Evangelho, sempre lido no centro da comunidade. O evangelho sai do Oriente (altar) rumo ao Ocidente (nave do templo), lembrando a presença de Cristo em meio ao povo e sua proclamação é feita por um diácono (estola transversal)
 
 
 
Sermão proferido pelo Bispo Humberto Maiztegui:
 

Após o Sermão, Credo e Orações, o Bispo Primaz inicia o exame do futuro bispo, que reafirma seus votos na presença do povo e dos demais bispos presentes:


 
 
Após os votos e orações, todos os bispos presentes (agora com a mitra que simboliza a autoridade de Cristo conferida à Igreja) unem-se para invocar o Espírito Santo e transmitir, mediante a imposição de mãos, os ofícios próprios do ministério episcopal:
 
 

O novo bispo é apresentado ao seu novo rebanho e recebe os cumprimentos do bispo sênior (mais antigo), Dom Almir dos Santos:
 
O novo bispo recebe, publicamente, os símbolos de sua ordem, revestidos por familiares e lideranças leigas da Diocese:
 
 
 
Devidamente paramentado, o novo bispo é empossado pelo Bispo Primaz como legítmo pastor da Diocese Anglicana de São Paulo:
 
 

e recebe o báculo (cajado) pastoral entregue pelo clérigo sênior (Rev. Eric Mercer) e o Sr. Tomio Ishikura (2o. guardião da Paróquia do Cristo Rei – Registro,SP) que restaurou o cajado diocesano

 
e cumprimentos:
 
e preside a primeira Eucaristia como bispo diocesano:
 
 

acompanhado pelo clero em oração e convidados ecumênicos

 
 

O corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo são oferecidos ao povo:

 

e todos comungam:

 
 
 

O Secretário-Geral da IEAB, Rev. Arthur Cavalcanti, lê publicamente o documento oficial de Sagração Episcopal, e o novo bispo faz seus agradecimentos

 

O bispo sênior, Dom Almir dos Santos, ost (Ordem de São Tiago), saúda o novo bispo em nome da Câmara dos Bispos e o acolhe com o abraço e o ósculo da paz

 

O diácono anuncia o término da liturgia com as palavras da despedida e envio:

 

Bispos prsentes à sagração na foto oficial:

 

foto com a família

 

e a comunhão se estende no coquetel de recepção, com direito a champanhe, vinho e alegria:

 
 
(e um susto da Rose Irala…)
Fotos de Nina Boe (outras fotos no álbum):  

Alguns posts e páginas de nosso site apresentam alguns princípios gerais da liturgia anglicana. Quem desejar pesquisar mais, pode consultar os post:

“Nossa forma de adorar a Deus” :http://www.paroquiadainclusao.com/site/?page_id=12365

“Uma Igreja Católica e Reformada”: http://www.paroquiadainclusao.com/site/?page_id=12341

E o item 3 do post “Perguntas e Respostas diretas sobre a Igreja Anglicana:”, onde você encontra alguns vídeos com orações eucarísticas:
http://www.paroquiadainclusao.com/site/?page_id=12392